The mountain Wolf


1º Duatlo Santo Tirso

22-11-2013 14:17

Temos que puxar a fita do tempo atrás, e recuar até dia 19 de Outubro para chegarmos à data da minha última prova competitiva deste ano de 2013. Desde esse dia, e que dia, posso eu voltar a dizer… o dia onde me senti uma montanha russa, onde me senti bem alto como um pássaro e onde me senti bem fundo como uma toupeira, onde o simples terminar me encheu o coração e me arrepiou a pele. Mas, como o que lá vai, lá vai, desde esse dia tenho descansado, relaxado, feito alguma manutenção física e passado mais tempo com quem me quer bem e amo, tentando devolver aqueles minutos em falta passados a treinar e ausente do seu lado. Tudo isto me tem feito bem, sinto-me feliz e preenchido. As pausas também fazem bem sabes?

Andava eu nesta minha vida quando recebo uma mensagem de uma pessoa que admiro muito, num desporto também ele bastante duro e que me dá um enorme gosto. O Sérgio Sousa (ciclista profissional da equipa Efapel-Glassdrive). Desafiou-me a fazer equipa com ele e a participarmos no 1º Duatlo de Santo Tirso. Sendo nós Tirsenses de gema, era uma falta de respeito da nossa parte não participarmos. O Sérgio faria o segmento de bicicleta e eu ficava com o segmento de corrida.

O sol nasceu frio e os seus 4 graus obrigavam a que os casacos quentes se mantivessem vestidos. A prova só seria às 10h30 mas às 8h00 já estávamos no Parque Urbano da Rabada, para guardarmos um lugar melhor para o Sérgio aquecer nos rolos. Com o passar do tempo mais e mais atletas foram marcando presença. A organização corria de um lado para o outro para que nada falhasse. À hora certa estávamos todos alinhados, mas tiro de partida nada. Espera…espera…e volta a esperar mais um pouco. Com quase 30 minutos de atraso lá foi dada a partida.

Tento manter-me na frente da corrida. Sei que não tenho nesta fase a mesma preparação que tinha noutros momentos da época, mas por um lado pensava que também era “só” 15 minutos a doer e que depois podia recuperar o fôlego. Sinto as pernas um pouco presas mas ao mesmo tempo a minha respiração está tranquila. Primeira volta dada e o meu grupo era de cerca de seis atletas. As minhas sensações são boas e as pernas vão-se soltando. Sinto a respiração mais ofegante dos outros companheiros, e decido apertar o ritmo. Arrisquei bem porque consigo abrir um buraco e ficar na frente só com o meu amigo Tirsense, e grande atleta de Trail Diogo Fernandes. Olhava nas curvas mais fechadas para ver a vantagem e ia controlando o ritmo, mais um pouco e passaria o “dorsal” ao Sérgio e aí podia descansar.

Chego à zona de transição e agora era a vez dele.

Aproveito para tomar uns açúcares rápidos e hidratar-me, pois ainda tinha que correr mais 2.5km e poderia ter que ser eu a decidir a classificação.

Fui até à zona do caminho pedonal junto ao rio, por onde o segmento de BTT iria passar. Recuperava num trote solto e calmo. A ansiedade de ver chegar o meu parceiro punha-me em pulgas, até que a pequena motinha da organização vem e assim que levanto os olhos  vejo o seu equipamento cor-de-rosa na frente já com algum avanço sobre o seu mais direto perseguidor. Bracejo e grito para o incentivar. Pareço um miúdo a puxar pelos seus ídolos, faço esta mesma figura mais uma vez.

Estava agora à espera dele no final da zona de transição. Dorsal passado e era de novo a minha vez de correr. Houve quem dissesse “agora é só gerir” mas pensei para mim, “naaaa nunca fiando, até à meta há prova.” Esta volta passou na minha perspectiva muito mais rápida que as outras.

Estou a 100m da chegada e chamo o Sérgio para cortar a meta comigo. O trabalho foi dos dois e os dois deviam ter o gosto de passar aquele pórtico. De sorriso nos rostos e depois de um forte abraço levantamos os braços para recebermos os aplausos do muito público que se deslocou ao parque para assistir a esta manhã desportiva.

Quero deixar aqui duas palavras de agradecimento. A primeira ao Café do Rio e Trilhos Tirsenses por terem tido a coragem e o empenho de levantar esta prova, conseguirem meter 250 atletas numa prova de promoção e sendo a primeira edição é um perfeito sinal que este evento tem condições para perdurar. Força e continuem. A segunda palavra vai para o Sérgio. Uma coisa é vibrar com as suas pedaladas na televisão ou numa beira de estrada, outra coisa é fazer equipa com ele. Se já o admirava, agora ainda mais o admiro, pelo atleta que já sabia que é e pela pessoa que é.

Felicito também todos os Tirsenses que participaram e deram um brilho ainda mais bonito à prova, preenchendo vários lugares do pódio.

Cuidem-se porque pelos vistos, esta é uma dupla temível em próximos eventos.

Saudações desportivas 

Albino Magalhães

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