The mountain Wolf


Entrevista a André Rodrigues, Trail Runner

26-12-2013 20:40

Nome: André Pedro Rodrigues

Idade: 26

Nasceu em: Coimbra

Reside em: Arganil/Leiria

Equipa/Grupo: Juventude Vidigalense

 

 

Podes contar-nos um pouco do teu percurso desportivo antes de entrares no mundo do Trail?           

Desde pequeno que sempre fui bastante ativo, tendo crescido na serra e numa época em que as crianças ainda se ocupavam a brincar na rua e no bosque. Em relação ao desporto federado apenas pratiquei Futebol onde estive até aos Juniores. Por vezes participava nos corta-matos escolares e ganhava quase sempre mas nunca pensei em correr ou algo parecido porque jogar à bola era muito mais divertido para mim. Entretanto entro na Faculdade de Desporto e ao contrário do que seria de esperar, é quando o desporto desaparece do meu quotidiano, e começo aos poucos a entrar numa fase menos boa da minha vida, tendo chegado a interromper os estudos durante quase 3 anos.

Em 2011 decidi voltar a entrar nos eixos e voltar a estudar, e comecei a pensar em dar umas corridinhas também. Ainda me lembro de fazer 2kms e ter de parar por não conseguir continuar mais. Na altura da passagem de ano 2011/2012 corria já algumas vezes por semana, mas quando tentei começar a treinar mesmo abusei e fiquei uns três meses parado por causa de uma lesão, e tive de recomeçar tudo de novo, até Setembro onde participei nos 21km do GTSA e comecei o meu percurso no Trail.
 

O que te apaixonou pelo Trail e te mantém cá?

Para além de poder estar onde me sinto bem, nas serras, acho que o que mais gosto é do facto de conhecer e conviver com pessoas que têm a mesma paixão que eu. Sinto-me bem perto das pessoas que conheço nas provas ou convívios. Não sei se é o trail que traz à vista o melhor das pessoas, ou se são as pessoas boas que têm mais tendência a gostar do Trail, a verdade é que salvo raras exceções apenas tenho conhecido pessoas fantásticas nesta modalidade.

Como vês a evolução deste desporto?
Bem eu sou um dos novatos neste mundo, e não tenho uma perceção concreta de como eram as coisas antes de 2013. Mas percebo que o Trail teve um BOOM gigante nestes últimos tempos, o que tem trazido coisas boas e coisas menos boas como é normal. Começa a existir um número exagerado de provas no calendário Nacional para a quantidade de atletas que temos, mas penso que a curto prazo muitas delas vão desaparecer por seleção natural, sobrando apenas aquelas em que os Organizadores realmente se preocupam com os atletas.

 

Tiveste uma entrada de alto nível discutindo sempre os pódios nas provas em que entras. Esperavas uma adaptação assim?
 Não esperava ter tido tanto sucesso no primeiro ano, até porque estando eu relacionado com as ciências do desporto, sei que na corrida não existem milagres, é preciso tempo para se conseguirem resultados, e a verdade é que a minha rápida adaptação se deveu em parte ao facto de eu descer muito rápido (provavelmente por ter crescido na serra), e mesmo não tendo a mesma preparação física que a maioria de vocês, acabo por compensar a descer e conseguir estar sempre perto dos melhores, e como a maioria das corridas acaba a descer lá me vou safando.

Vais propor-te a desafios maiores em 2014?

Sim, pretendo aumentar os desafios, mas sempre de forma gradual e sustentada tentando não dar passos demasiado largos que deitem tudo a perder.

 

Quais os desafios que tens em mente? Ou é ainda cedo para pensar nisso?
Zegama. O meu sonho para 2014 era conseguir vaga para correr em Zegama. É a corrida onde estão os melhores do mundo num tipo de terreno que se adapta às minhas características, mas é muito complicado apesar de eu já ter multiplicador duas vezes para o concurso, só com muita sorte consigo la ir já em 2014. Além disso, pretendo fazer mais uma corrida internacional que seria o Matterhorn Ultracks, mas começo a duvidar se me consigo preparar para correr a 3000m de altitude já em 2014, pelo que provavelmente vou substituir por outra lá fora que ainda não decidi qual será.

 

Vens de uma zona única para o trail. Achas que Arganil e toda a Serra envolvente pode ser uma “meca” portuguesa para o trail?
Tenho a certeza que vai ser. O Açor para além das suas montanhas está entre a Lousã e a Estrela o que dava para por exemplo fazer uma prova que atingisse os três picos das  três serras(1200,1400,2000), o limite é a imaginação.

O que falta esta zona para que se torne numa “meca” portuguesa do trail?
Até agora faltou termos cá uma prova de referência, mas o Mundo da Corrida está a mudar isso com a prova do Piódão que teve uma edição experimental em 2013 e vai ter uma edição em 2014 que será a prova CORRIVEL (apesar de não ser sensato fazer aquilo tudo a correr J ) mais dura em Portugal.

E em 2015 ao que parece vamos ter A PROVA das provas em Portugal aqui por esta zona!

 

Se tivesses que explicar a alguém o que é o trail como o farias?

Não consigo. Normalmente o que eu digo às pessoas é apenas : “Só vais entender depois de experimentares”.

 

André Pedro Rodrigues

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