Entrevista ao Trail Runner Pedro Conde

Nome: Pedro Conde

Idade: 43

Profissão: Empresário em empresa de contabilidade e assessoria financeira

Clube: Desnível Positivo

Localidade: Gaia

Olá Pedro. Antes de mais, muito obrigado por teres aceite o meu convite para esta entrevista. Uma das razões que me levou a fazer-te este convite foi o facto de saber que já estiveste ligado a vários desportos, e alguns de alta competição. Fala-nos um pouco dessa fase da tua vida.

É com muito gosto que aceitei o teu convite, em relação à questão que colocas, sim estive ligado 30 anos ao Andebol de alta competição, o meu Pai já vinha com uma carreira ligada ao Andebol, já muito novo com 3/4 anos comecei a andar com ele para jogos e treinos e obviamente ganhei o “bichinho” e aos 9 iniciei a pratica que foi até aos 39, foi uma “vida”, fiz grandes amizades, experiencias fantásticas, alguns títulos colectivos e individuais mas acima de tudo ficam os amigos que fiz em todos os clubes onde passei.

Sendo tu atleta de alta competição, o que te “conduziu” até às corridas de montanha? Alguma mudança na tua vida ou foi apenas por curiosidade ou incentivo de amigos?

As corridas surgem quando chegou a altura de por fim à carreira. Comecei a sentir necessidade de ocupar aquelas horas diárias que dedicava ao treino no Andebol, já durante a última época com mais 2/3 colegas de equipe começamos a fazer aquelas corridas de 10km, tipo S. Silvestre. O gosto foi crescendo e fui subindo a fasquia, meia maratona, maratona, entretanto surgiu a oportunidade de experimentar uma prova de Trail. Adorei, e a partir daí, virei as atenções todas para as provas de montanha o que me tem levado a ter experiências incríveis umas atrás das outras.

Quando começas a participar em provas de Trail, tiveste facilidade em adaptar-te, ou existiu algum tipo de entrave ou receio?

Foi muito fácil, a 1ª experiência correu tão bem quer pela prova quer pela minha adaptação que vi logo ali que o futuro iria estar ligado à montanha. As provas seguintes confirmaram a minha opção, tenho adorado cada prova que faço.

Consideras que foi um impacto muito grande em termos de diferenças entre os desportos que praticaste?

Muito diferente. No Andebol praticamente não corria, ainda por cima era guarda-redes e nem gostava muito de correr quando era para correr, normalmente nas pré-épocas e naquelas fases em que os treinos eram mais físicos, sofria um pouco, e algumas vezes até arranjava umas “ronhas” para ir até ao posto médico descansar.

Agora adoro correr, para todo o lado que vou, lá vão as sapatilhas atrás, além do cuidado por exemplo nas férias em escolher zonas com montanha próximo.

Sei que participas em várias provas de Trail, nomeadamente nas mais longas. O que é que te leva a escolher este tipo de prova?

Simplesmente os vários anos de alta competição e a minha maneira de estar levam-me a criar sempre desafios maiores, a superar-me a andar nos limites, e as ultras também me proporcionam chegar a sítios que de outra maneira é quase impossível conhecer. O silencio da montanha, paisagens fantásticas, são horas e horas que passamos sozinhos, além da “paz de espirito” que encontro também sou um apaixonado pela montanha, todo o ano!

De todas as provas em que participaste qual a que te marcou mais? Porquê?

Sem dúvida “Cavalls del Vent” em 2013. Uma prova fantástica, pela envolvência, pelo espirito, um ambiente em alta montanha que nunca tinha visto, e também pelo brutal desnível e longas subidas da prova, paisagens fantásticas a 2500 metros de altitude. Também por ter sido a primeira prova de 3 dígitos que fiz.

Consideras que o Trail terá hipóteses de um dia ser considerado desporto de alta competição?

Acho que tem tudo para ser. Se não vier a acontecer é uma enorme injustiça, além disso só não é no papel porque com a qualidade de atletas que existem e com as dificuldades que uma prova em montanha pode ter, não é para todos. Quem anda no Trail, sabe que, para se fazer uma ultra obriga a treino ao nível (ou até superior) dos atletas de alta competição, e eu tenho essa dupla experiencia para poder falar.

Quais as provas que tens agendadas para o resto deste ano?

O principal objectivo do ano vai ser a estreia nas 100 milhas no ehunmilak, mas antes ainda vou aos Açores, Faial, e a Chamonix fazer a Maratona do Monte-Branco e o Km vertical, depois regresso a Chamonix para o CCC e termino em Tenerife no Tenerife Bluetrail.

Para terminarmos a nossa conversa, gostaria que me definisses em três palavras cada um dos desportos que praticaste incluindo o Trail.

Andebol – Escola, Amigos, Competição.

Trail – Limites, Montanha, Paixão.

Foi um prazer colaborar contigo, parabéns por estas iniciativas, ainda mais vindo de um atleta de top!

Pedro Conde